terça-feira, 17 de março de 2009

Reapresentação

gosto de escrever sobre aquilo que gosto de fazer,
sentir, pensar, dizer;
a vida, as pessoas, meus desejos e necessidades,
sem queixas nem deixas;
sem reclamação.

alguns amigos reconhecem meu rosto sem máscara;
algumas parceiras, meu corpo
sem descendência mítica, sem remorsos,
enquanto vou brincando de ser
lysias enio

brasileiro, sem alternativas;
casado, várias vezes,
sem sinais particulares;
branco por fora,
negro e desconfiado, por dentro.

queria meus versos pichados nas muretas
do capibaribe, tigre e eufrates;
mugidos pelos homens mecânicos,
sem pensamento,
pelas mulheres sem vontade.

vomitados ao vento acre das maresias
nas neves do kilimanjaro,
nas planícies do doutor jivago, na ilha de marajó;
acariciados pelos alísios,
como pedras em tipasa.

por ser poeta, eu escrevo versos;
visto a fantasia...
mas não quero ser poeta.
quero, apenas, ser poesia.